BRASIL
A política do Brasil permanece profundamente polarizada após as eleições acirradas de 2022 e tentativas subsequentes de reverter o resultado, que incluíram tumultos e a invasão do Congresso Nacional. A propriedade dos meios de comunicação continua concentrada, com diversos grandes conglomerados privados operando veículos em transmissões, impressos e online. No entanto, esses negócios estão sob pressão à medida que os hábitos do público mudam.
O ex-presidente e muitos de seus aliados, incluindo ex-ministros e altos oficiais militares, estão sendo investigados pela polícia federal por supostamente tramar um golpe militar. Desde o início de 2023, as prisões e a investigação legal em andamento têm dominado as manchetes políticas. Combinada com o conflito no Oriente Médio e na Ucrânia, a intensa agenda de notícias pode ter sido a causa de um aumento acentuado na evasão de notícias.
A proporção de entrevistados que evitam notícias frequentemente ou às vezes chegou a 47%, um aumento em relação a 41% no ano passado. O alcance semanal de todas as principais fontes de notícias tem diminuído nos últimos anos, incluindo as redes sociais, onde todas as principais plataformas estão em declínio, exceto o TikTok, onde Lula e Bolsonaro ainda postam regularmente. Apesar de seus esforços para expandir seu público no TikTok, a mídia de notícias não consegue competir com as personalidades mais conhecidas na plataforma. A maior emissora do país, a TV Globo, tem cerca de 6 milhões de seguidores no TikTok, enquanto o comediante Whindersson Nunes tem 22,4 milhões.
O Brasil tem enfrentado dificuldades com a disseminação de desinformação nas redes sociais. Em nossa pesquisa, o TikTok e o X (anteriormente Twitter) são considerados as plataformas menos confiáveis para notícias – 24% dos usuários de ambas as plataformas dizem que é difícil distinguir entre conteúdo confiável e não confiável.
Houve uma tentativa fracassada de aprovar um projeto de lei regulando plataformas digitais e desinformação no ano passado. As empresas de tecnologia se opuseram ferozmente ao ‘projeto de lei das fake news’, que tornaria as plataformas digitais responsáveis por prevenir a disseminação de inverdades e discursos de ódio. Houve até um impasse de curta duração com o governo quando o Google colocou um link em sua página inicial se opondo à lei, enfurecendo o ministro da Justiça, que ameaçou com uma multa por hora. O Google recuou após alguns minutos. Após quatro anos de discussões no Congresso, o projeto de lei foi abandonado. Em abril, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, anunciou a criação de um grupo para discutir uma nova proposta de regulamentação.
Há preocupações sobre o uso de inteligência artificial generativa para criar imagens falsas de campanha direcionadas a candidatos ou partidos nas eleições municipais de outubro. No final de fevereiro, o Tribunal Superior Eleitoral emitiu uma decisão proibindo deepfakes de material oficial de campanha eleitoral. O tribunal também determinou que qualquer conteúdo multimídia sintético deve ter um rótulo indicando que foi criado usando IA. O rápido desenvolvimento da IA também levou a Editora Globo, uma das maiores editoras de revistas e livros, a proibir empresas de IA de rastrear seu conteúdo para treinar seus modelos generativos. No entanto, alguns estão encontrando novas oportunidades: o jornal O Estado de S. Paulo lançou um chatbot que usa seu conteúdo publicado anteriormente para responder às perguntas dos leitores.
A tendência de queda na circulação da indústria de jornais foi revertida no ano passado, mas principalmente devido a uma mudança nos critérios usados para calcular o número de assinantes online. A média de circulação paga diária dos dez jornais mais vendidos aumentou quase 14% em 2022, para 1,7 milhão, de acordo com o Instituto Verificador de Comunicação. Uma mudança na metodologia significou que até mesmo leitores que pagaram preços promocionais extremamente baixos agora eram considerados assinantes.
Esse aumento não se refletiu em empregos. Um estudo encomendado pela Federação Nacional dos Jornalistas mostrou que, enquanto 9.500 profissionais foram contratados no ano passado, 10.400 empregos foram perdidos. Contudo, houve boas notícias em relação à segurança – a federação constatou que o número de ataques contra jornalistas caiu 52%, para 181. Os números incluem agressões físicas, ameaças, decisões judiciais que restringem a liberdade de imprensa e prisões de jornalistas, entre outros tipos de violência.
Rodrigo Carro
Financial journalist and former Reuters
Institute Journalist Fellow
Traduzido por ChatGPT.
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